Bem-vindo ao blog da Família Figur

Está versão é preliminar. Falta acrescentar a este trabalho mapas, fotografias os documentos ainda disponíveis.

Meu Berço, Livro da Família Figur

Em 20 de outubro recebi a visita do Senhor Alberto Figur, filho de Ervino Albino Figur, que reside no Bairro Czerniewicz, em Jaraguá do Sul (SC).

Histórias, fantasias e sonhos da Família Figur

“Prejuízos materiais podem ser recuperados; dores morais, o tempo remedeia, só um dano é irreparável: quando o homem se perde a si mesmo”. John Müller- Em memória aos nossos antepassados! Para estímulo nosso! Para o bom da nossa pátria (família) = Lema de 25 de Julho.

A vida religiosa dos Teusto-russos (parte 2)

A impressão que se tem a respeito da vida religiosa dos povos da Rússia é de que os povoados e vilas se compunham apenas de luteranos, poucas congregações católicas romanas e alguns aglomerados batistas.

A vida religiosa dos Teusto-russos

A vida religiosa era parte da constituição da aldeia onde só permitia-se uma única confissão ou religião.

A Arrancada Para a Emigração


A arrancada propriamente dita aconteceu em uma noite, poucos dias após a resolução de deixar a Rússia e aventurar um futuro que parecia promissor. Parece que Rudolf Figur ainda estava morando com seus pais e por isso seria mais fácil a saída: primeiro, para desfazer-se de seus pertences, pois poderiam levar somente aquilo que fosse possível carregar nas costas, num carrinho de mão, ou em um trenó puxado por um cavalo. A bagagem deveria ser mínima para uma saída supostamente clandestina. A certidão de casamento só foi tirada cinco anos depois na Secretaria da Paróquia, como demonstra a cópia da mesma. A saída não deveria ser notada logo para que não houvesse perseguição e prisão por tentativa de fuga. Talvez nem os vizinhos mais próximos tivessem notado a ausência de Rudolf, da esposa e do filho nos primeiros dias. Quando chegaram perto da divisa com a Áustria encontraram um amigo que os orientou na maneira de passar para o outro lado da fronteira sem serem molestados ou presos e mandados de volta. A orientação era a seguinte: cada guarda de fronteira, alternadamente, um austríaco e um russo, tinham dois quilômetros para vigiar. Ambos deveriam ir na mesma direção, ou norte, ou sul, para não se encontrar e combinar algo contra o regulamento. Os tranfugas deveriam se esconder perto da fronteira e observar qual seria o melhor momento para passarem ao outro lado. Uma vez atravessada a fronteira e a certa distância eles não seriam mais perseguidos e molestados. Dali para adiante facilmente encontrariam um agente de emigração para agenciá-los para trabalho ou compra de terras na América e arrancariam passagem até Trieste ou Gênova de onde seriam embarcados para a América. Assim o Sr. Rudolf Figur, sua esposa e seu filhinho primogênito, o Gottlieb, com pouco mais de um ano chegaram à cidade de Trieste onde foram embarcados num navio genovês, o Julia. Depois de seis semanas chegaram a ilha das Flores, no Rio de Janeiro, porém com um filho a mais, que nascera durante a viagem. O pequeno Gustav não sabe dizer, mais tarde, se nasceu russo ou brasileiro. Como foi para muitos filhos daquela época, era fácil escolher a cidadania, mas o Gustav tornou-se automaticamente brasileiro pela “grande nacionalização”. Depois da Proclamação da República em 1890, a nova Constituição Brasileira estabeleceu para todos os estrangeiros que dentro de certo prazo não registrassem ou reclamassem a sua cidadania, que, por força da lei, eram considerados brasileiros. A mesma coisa aconteceu com Gottlieb, que era eleitor, feitor de estradas, capataz, etc., até a “nacionalização” que o privou do direito de ser brasileiro, na Segunda Guerra Mundial. Apesar de já ter filhos reservistas, era considerado “russo” e obrigado a requerer a Carteira de Estrangeiro. O que fazer, se as leis brasileiras eram maleáveis na interpretação de certos funcionários incompetentes mas supostamente importantes. Isso nada mudou a vida e o caráter do Gottlieb que, em sua integridade moral continuaram dando sua contribuição para que o Brasil crescesse e se desenvolvesse respeitando os direitos humanos e internacionais.


Os Ancestrais Maternos


A história da família JUBIN tem estreita relação com os “exultantes”, desterrados ou excomungados luteranos de Salzburg, dos quais eram descendentes.
Quando em 1731-32, o Arcebispo de Salburg ficou sabendo que ainda existiam muitos “protestantes” em seus domínios diocesanos, prometeu que: “Antes que permanecesse um protestante em seu domínio, preferia que as terras produzissem cardos e espinhos”. Em 24 de novembro de 1732, no início do inverno ordenou a todos que não tivessem bens imóveis que, se em oito dias não voltassem ao “seio” da igreja, deveriam deixar Salzburg. E ordenou àqueles que tivessem bens imóveis que teriam um ano pra resolver: voltar para o catolicismo ou deixar Salzburg somente com os bens que pudessem levar num carrinho de mão ou carregar nas costas. Foram mais de 20 mil luteranos obrigados a deixar as terras do Barão (Freiherr) Leopold Anton Von Fitminiann sem roupa suficiente, sem indenização dos bens que ninguém queria ou deveria comprar. Os mesmos bens acabaram sendo distribuídos entre os “fiéis” ou “convertidos” católicos remanescentes. Dentre aqueles que preferiram deixar os bens materiais e escolhera pobreza no estrangeiro, estavam os nossos ancestrais. Escolheram viver livremente sua fé e convicção religiosa. Eram os antepassados de Samuel Jubin e Rosalia Schmolente, ou Schamulandt, talvez Schaumuland. Esses patriarcasde Salzburg foram recebidos e assistidos em fartura pela população protestante. Foram mais tarde transferidos pelo Rei Frederico I para as novas colonizações, nos domínios do cavaleiros Teutônicos da Prússia Oriental, Polônia, Lituânia e Bielo-Rússia, onde com auxílio do governo alemão puderam se estabelecer vivendo sua fé com liberdade.
Não temos notícias mais acuradas quanto a vida que esses  novos imigrantes levavam, como foram tratados q quais os lugares exatos onde se estabeleceram. A Vovó Rosália apenas contava que eram descendentes dos “Salzburgianos” e guardavam bem o “Sendbriefe de Joseph Schaitberger”. Ele os escreveu do exílio de Nuerenberg onde se refugiara da perseguição dos “fiéis católicos” de Augsburg, de 1693 até 1732. Vovó tinha essas cartas circulares (Sendbriefe) e, ainda em idade avançada era sua leitura predileta. Guilherme Figur tem um exemplar que ela usava. Sabemos que Vovó Rosália nasceu em Lodz e se criou na rua “Nemnetzkaia Uliza”, rua do Quarteirão dos Estrangeiros, alemães, ou “gringos”.
Da história familiar do Vovô Samuel Jubin não temos nenhuma referência. Mas a vovó, quando estava disposta, contava o seguinte: quando ainda tinha menos de um ano, na revolução dos fanáticos poloneses, os soldados vieram procurar dinheiro e joias dos “Nemntz” matando os estrangeiros que encontravam. Ela ainda mostrava uns quadros da perseguição fanática e cruel, mostrando os soldados abrindo os ventres das mulheres grávidas, espetando as crianças com a lança e as atirando diante de porcos e cães. Trucidavam homens e matavam quem quer que encontrassem. Ela, com menos de um ano, escapara milagrosamente. Quando os “patrícios” reviraram a casa, tombaram o berço onde estava dormindo. Ficou escondida entre travesseiros e cobertores. Uma tia a encontrou depois de uma hora e a salvou. Três ou quatro anos mais tarde, em uma nova onda de perseguição, ela e sua tia de esconderam debaixo de cobertas e, quando os soldados as encontraram exigiram “penunse”, dinheiro da tia, mas como ela nada tinha, encostaram as bainetas e sabres no seu pescoço, exigindo sempre “penunse” até a ferir. Ela, a vovó, debaixo da coberta espiou, e depois sempre lembrava “nada é mais feio e assustador que cara de polaco brabo”. A vovó nunca falou de seus pais, mas parece que foram sacrificados na primeira onda de “nativismo polonês”. Só falava da tia que a criou.
Dos Jubin, só temos registro que a Rosina (que não sabemos quem é) casou-se com Martin Reimann, eque em 1910 emigrou para o Brasil radicando-se em ijui-RS, na linha 8, onde ainda vivem os seus descendentes. O vovô Samuel veio ao Brasil em 1889, instalando-se em Jaraguá-SC, de onde em 1910 mudou-se para Erechim-RS, hoje Getúlio Vargas-RS.



Namoro e Casamento



O namoro e casamento eram bastante restritos e para nossos dias impossíveis. Quando os pais achavam que o filho era núbil, eles escolhiam a futura nora, às vezes em companhia do “pretendente”. Outras vezes eles primeiro exploravam a situação, encaminhavam o encontro e, se desse certo, em poucas semanas celebrava-se o noivado e, depois de três semanas, o casamento. Os noivos davam-se por satisfeitos por poder formar o seu próprio lar. Mas essa construção do novo lar não ia tão rápida, pois era difícil construir uma casa própria e, como talvez o noivo tivesse recebido seu quinhão do “Senn”, terra para trabalhar por conta, teria que trabalhar com o pai, e a nora iria se enfronhar bem na vida familiar dos sogros. As vezes aconteciam que dois ou três filhos casados continuavam morando na casa dos pais, mas tudo em harmonia, organizado pelo pai, “patriarca”. Não se ouvia falar muito de sogra brava com nora rabugenta. Era tabu e pronto. 

Educação no Lar

A educação continuava no lar e ficava a encargo dos pais. Durante as noites longas de inverno as crianças exercitavam-se em leitura, caligrafia e contas. Quando maiores, as crianças realizavam trabalhos manuais para se profissionalizarem e alcançarem a emancipação.
As filhas aprendiam a fiar os fios de cânhamo* e linho, a manejar os teares para preparar o pano necessário à família, sacos e panos de eira e todo o negócio ou “Wirtschaft”. Começavam a preparar o seu enxoval para eventual casamento. O enxoval constava tanto de peças de roupa de cama, tantas peças de vestuário e mais uns panos de louça e parede, com o que mostrava a sua capacidade. De 18 a 20 anos, a moça se tornava núbil, apta para casar, se soubesse as artes domésticas, a arte culinária, a padaria e tivesse completado o seu enxoval.

Os filhos não tinham muita folga, precisavam se aperfeiçoar nos conhecimentos relativos ao oficio de agricultor e futuro senhor. Eles deveriam saber lidar com todos os instrumentos da agricultura, prepará-los e consertar os mesmos, tanto os arados, as carroças, correames para os animais, manejar machados, a machadinha, o enxó para madeira, como outras ferramentas necessárias para preparar as madeiras para construção e, como marceneiros, preparar os seus móveis e apetrechos de mesa, isto é, colheres de pau, bacias de madeira, gamelas, rolos de mesa, etc. A falta de domínio dessas artes todas podia retardar as declaração de ser núbil, em geral aos 200 ou 22 anos.

Vida Familiar e Atendimento Religioso



A vida familiar, o atendimento religioso e instrução eram totalmente uniformes em todas as aldeias e vilas. Os filhos recebiam instrução para ler e escrever em cãs. No inverno, aprendiam em conjunto com o “Kuester”, diácono da vila, que dava aulas e principalmente instrução religiosa e canto. Esse diácono ministrava aulas durante o inverno quando os filhos não podiam ajudar os pais na lida rural, desenvolvia cultos de leitura, ensaiava cantos, instruía os confirmados, realizava os batizados de emergência e os enterros. O pastor comparecia só três a quatro vezes no ano quando ocorriam os cultos, celebrava a Santa Ceia, realizava os casamentos e as confirmações dos catecúmenos. Nessas ocasiões verificava os registros de todos os casamentos e batizados expedindo as devidas certidões que tinham valor civil e religioso ao mesmo tempo. Geralmente o pastor permanecia dois dias para completar a visita e concluir as atividades nessa aldeia. Eram dias de festa.

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