Educação e Instrução dos Filhos


Foi uma das maiores preocupações dos pais: com seis anos e idade já tínhamos que freqüentar a escola. O irmão mais velho, Alfredo, que não podia ir sozinho 8 km até a escola paroquial ficava na casa da avó durante o ano letivo. Quando o segundo irmão, o Helmuth, já podia ir à escola com seis anos, os dois iam diariamente até a escola percorrendo regularmente 8 Km, com tempo bom, com chuva, ou frio, ou geada não queria saber. Quando o terceiro, o Guilherme, que também foi um ano mais tarde, os pais e tios, eram quatro as famílias, construíram uma escolinha, onde o professor ministrava aulas à tarde, para 12 a 18 alunos, perto da casa. Um professor estrangeiro já desenvolvia as aulas na língua dos pais duas vezes por semana. Fazia o que podia, mas nós alunos sabíamos mais “brasileiro” do que ele. Um exemplo: quando um aluno perguntou “como a coruja entrou num pau oco”, ele primeiro consultou o dicionário em casa e no outro dia a resposta foi: “É uma expressão estranha; não é brasileira”. Mas conjugações e variações gramaticais eram muito bem ensinadas. As outras matérias como leitura, aritmética e conhecimentos gerais melhoraram muito.
Com seis anos o irmão Alfredo, como não podia ir sozinho até a escola 8 km sozinho, ficou na casa do avô para freqüentar a escola paroquial. Quando o segundo irmão Helmuth já podia ir à escola, cada dia os dois tinham que caminhar da escola até a vila. Também o terceiro filho, Guilherme, com seis anos cada dia deveria ir á escola, na maioria das vezes a pé, porque os cavalos eram ocupados para o trabalho na roça. Não importava chuva ou sol, tempo agradável, dias de frio ou geada, pois não eram motivos para ficar em casa e gazear as aulas.
O que ajudou foi o intercâmbio com outras pessoas e principalmente com os tropeiros que despertavam a curiosidade dos meninos querendo saber cada vez mais e aperfeiçoando a sua linguagem pela conversa. Mas o mais importante desde pequenos era a escrita e a leitura.
Não era somente isso que se aprendia na escola, mas em casa havia uma ordem rígida e bem programada, para que tudo fosse aproveitado e mais tarde pudesse ser de alguma serventia na vida. Desde os primeiros anos havia material de leitura, religiosos como o Kirchenblatt ou Lutheraner, ou Walther-Liga-Bote, mais tarde o Jovem Luterano (JELB), almanaquese anuários como Lutherkalender, Synodalberichte e o Jornal Die Serra Post, mais tarde o Correio Serrano. Não era simplesmente a presença desse material, mas o usoe a leitura do mesmo era o mais importante. Assim, que durante os anos escolares como depois pela leitura, todos os filhos adquiriram um bom lastro de conhecimento. A mãe, apesar de cuidar bem da família, sempre tinha tempo para a leitura e era bastante versada em história e conhecimento geral. Talvez fosse a mulher mais lida e informada na região toda.
O LEMA NA EDUCAÇÃO: Além de um conhecimento teórico, o que vale é o prático na vida. Assim os meninos, que eram os mais velhos, desde pequenos aprenderam que, se sabem sujar roupa, devem saber também lavar a mesma. Todos deviam aprender a arte doméstica, isto é, remendar roupa, cozinhar, assar pão, saber carnear porcos e galinhas etc. Pois somente era repetido: vocês não sabem o que vocês podem precisar no futuro e é bom quando vocês já aprenderam isto em casa. Mais tarde, quando maiores e as futuras noras os viessem visitar, todos deveriam ajudar na cozinha onde ouviam certos conselhos, ditos assim, meio por acaso, como: “Comida gostosa na mesa e cama fofa mantém a família unida” ou “Quem não souber fazer bem o serviço caseiro não pode mandar fazer melhor”, ou “Asseio e ordem em casa é o melhor convite para as visitas”, entre outros. Antes dos filhos aprenderem um oficio ou profissão deveriam demonstrar que eram colono, agricultor que soubesse lavrar, plantar, colher e tratar os animais devidamente. O Pai Gottlieb lamentou muitas vezes que ele não teve a oportunidade de aprender o oficio de que gostava, mas também não disse qual seria.
Ele recomendava aos filhos: “Aprendam a ser bons agricultores porque, se depois vocês não se derem bem na profissão que escolheram o Brasil ainda tem bastante terra para vocês se sustentarem como colonos. E ninguém me diga que não tenha aprendido a profissão mais nobre, que é a de ser agricultor”.
         A CEGONHA: Uma visita, vendo tantas boquinhas ao redor e todos sadios e querendo se tornar nteressante perguntou, quandoa mesa foi posta: “Certamente a cegonha gostou de vir aqui muitas vezes para trazer tantas crianças?” Mamãe Lidia não titubeou na resposta: “sim, a cegonha vinha regularmente aqui; nós escolhemos sempre as crianças mais sadias, fortes, inteligentes e voluntariosas e mandamos a cegonha levar as outras menos inteligentes, preguiçosas, defeituosas e trouxinhas para distribuir do outro lado dos montes. Mas as nossas nasceram em casa e não precisavam de cegonha”. O “engraçadinho” um pouco desnorteado logo começou outra conversa. ORDEM E OBEDIÊNCIA ERA LEI!
         Mamãe Lidia tinha como lema: “Mais dinheiro para o padeiro do que para o médico”. Quando as crianças se tornavam mais crescidas, procura a dar uma orientação mais acurada a respeito da vida familiar dizendo e repetindo muitas vezes? “Um alimento sadio e nutritivo, trabalho regular e cama fofa conservam a família mais unida.”
Observando a descendência de Gottlieb e Lidia Jubin Figur, relativamente às suas atividades e profissões, apresenta-se um quadro bastante diversificado. Vejamos: pastores, professores, técnicos agrícolas, carpinteiros, marceneiros, decoradores, mecânicos, torneiros mecânicos, eletricistas, técnicos em contabilidade, técnicos em serviços de escritório e de administração, advogados, secretários, bancários, agricultores e horticultores, inclusive muitos sem terra, militares, funcionários públicos e burocráticos, entre outras profissões.
Primeiro a Roça: A divisa do pai era: antes de aprender um oficio, todos os filhos deveriam conhecer os serviços da roça. Ele dizia: “Se alguém é tão atrasado que não pode saber fazer o serviço da roça também não é capaz de aprender um oficio. Se aprender o oficio e não der certo, sempre resta muita terra no Brasil para agricultura. Que nenhum filho meu venha me acusar de que não ensinei a profissão mais rudimentar, mas de melhor subsistência”.
Dos doze filhos, apenas três ficaram na roça. Todos os outros aprenderam ofícios ou profissões rendosas para garantir-lhes a vida, mas sempre honestas.
O motivo de tal atitude, como ele muitas vezes lamentava, era: “eu não tive a oportunidade de aprender o oficio que eu queria, porque a necessidade na roça e a falta de condições o impediram”.
Ao contratar alguém para um serviço, o papai Gottlieb tinha um segredo: os pretendentes não recebiam resposta de emprego antes que não tivessem almoçado ou jantado. O modo de servir, a maneira como deixavam a mesa e o asseio que apresentavam eram decisivos. Cinco ou seis candidatos nunca chegaram a saber, porque não recebiam serviço ou emprego. Mas o papai nunca foi enganado por quem que fosse dos empregados.
DABBERN: é a expressão que os judeus usavam para designar as suas orações. Muitas vezes alguns judeus pediam pouso na casa de Gottlieb Figur, quando víamos as cerimônias em suas orações matutinas. Também ao levar o leite à vila, víamos judeus em casa ou mesmo no caminho, com carroça parada na estrada fazendo suas orações.
A devoção deles era toda concentração, não permitindo que algo os desviasse do seu dabberra. Respeitavam ainda a recomendação do Velho Testamento usando uma miniatura e ara de madeira, altarzinho, na testa e na mão esquerda presa uma fita, tipo trena, com símbolos ou letras hebraicas, talvez as leis. Enliavam a fita na cabeça e no braço esquerdo firmando assim a ara e, na mão, o altarzinho. Ao repetir suas orações não se desviavam de sua concentração por motivo ou força alguma e, na estrada, não dava passagem a quem quer que fosse.
Aos sábados de manhã o Tab, ancião, reunia seus filhos de 5 a 14 anos onde, ele vestido com uma pala xadrez em amarelo e marrom e um barrete preto, examinava cada uma das crianças se sabia a lição de cor e dava lição de religião. As crianças não sentavam como estamos acostumados, mas andavam soltas pela sala e até conversavam enquanto outros repetiam sua lição. Igualmente os adultos reunidos não obedeciam a uma ordem restrita; alguns recitavam orações, outros conversavam e outros liam livros em voz alta: o seu dabberra era um murmúrio confuso.
Constatamos como os antigos falavam de uma Juden-Sclnde e como ela funcionava. Segundo a lei, os judeus mesmos não podiam sacrificar os animais ou as aves para consumo. Quando o Schecter, açougueiro, ou sacerdote deles não o fazia, pediam a algum estranho ou aos rapazes que vendiam leite que sacrificassem o animal sem decepar completamente a cabeça. Evitavam ao máximo a contaminação com banha ou carne de porco.


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